O trecho abaixo foi retirado do livro Ataques de Pânico e Ansiedade, de Jocelyn Wallace, Série Aconselhamento, Editora Fiel.
É correto dizer que Deus entende a ansiedade quando lemos na Bíblia que ela abate o coração (Pv 12.25). Ao enfrentar a ansiedade, você se sente abatido. Tudo parece pesado, opressivo, incompreensível e incontrolável. Essa é uma descrição precisa de como é viver sem um relacionamento com Deus. Nós não somos todo-poderosos. Não somos oniscientes. Sem Deus, nossa vida é assustadora e fora de controle, pois vivemos em um mundo no qual coisas ruins podem acontecer — e acontecem. Felizmente, Deus projetou a cura perfeita para a ansiedade. Em Cristo, há um lugar seguro para onde trazer seus medos e preocupações. Cristo pagou pelos pecados que separavam você de Deus e tornou possível que “acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.16). Quando você confia em Jesus para receber perdão, torna-se um filho muito amado de Deus (Ef 5.1). Agora, todas as promessas na Bíblia sobre como Deus cuida de seus filhos são suas promessas. O mundo ainda pode ser um lugar assustador, mas, quando você reconhece Deus como seu Pai celestial e Jesus como seu Salvador, pode ter certeza de que, custe o que custar, você será capaz de ir a Deus para obter consolo, ajuda e proteção, e ele nunca o abandonará.
Com frequência, quando o medo se transforma em ansiedade, nós chegamos à conclusão de que Deus ou não é bom o suficiente ou não é poderoso o bastante para impedir que algo que, em última instância, vai nos ferir aconteça. Em muitas situações, quando nos vemos ansiosos, é porque decidimos que a única pessoa em quem podemos confiar para nos manter seguros somos nós mesmos. Por fim, esses pensamentos idealizam Deus como alguém que está dissociado de nós e não trabalha para o nosso bem. Mas conhecer Jesus como Salvador impede que você se desligue de Deus em meio aos seus medos. A cruz de Cristo prova que Deus é todo-amoroso. Ele deu a vida por você. A ressurreição mostra que Deus é Todo-poderoso — ele derrotou a morte. Então, quando se sentir ansioso e com medo, em vez de tentar lutar contra seus pensamentos temerosos sozinho, volte-se para Jesus. Você descobrirá que ele é completamente confiável.
Confie no Deus que cuida de você
O apóstolo Pedro disse aos cristãos que estavam enfrentando sofrimento para lançar sobre Deus toda a ansiedade, porque Deus estava cuidando deles (1Pe 5.7). Em toda parte que você olha na Bíblia, Deus está oferecendo figuras de palavras para descrever como ele cuida de seu povo. De acordo com o Salmo 91, Deus é nosso refúgio e fortaleza, salvando-nos de nossos inimigos, abrigando-nos debaixo de suas asas e nos ajudando a não temer, já que ele está conosco quando clamamos por ele. Hebreus 7.25 diz que Deus é capaz de salvar aqueles que se chegam a ele. Em Isaías 40.11, aprendemos que Deus cuida de nós como um pastor amoroso, recolhendo-nos em seus braços, levando-nos junto ao peito e nos guiando mansamente. Mesmo no vale da sombra da morte, não temeremos mal nenhum, porque Deus está conosco (Sl 23.4). Deus realmente se importa com seus filhos! A próxima vez que estiver com muito medo, em vez de tentar entender tudo ou tentar lidar com seus medos por conta própria, volte-se para o Deus que se importa com você e peça a ajuda dele.
Às vezes, não somente tememos que Deus não cuide de nós ou não tenha interesse no melhor para nós, como também temos medo de que ele não seja grande e poderoso o bastante para intervir. Isaías 40 usa uma bela linguagem para nos ajudar a entender quão maior do que nós é Deus, descrevendo-o como aquele que tem o mundo em suas mãos, chamando as estrelas pelo nome e dando força ao fraco. Na próxima vez que estiver amedrontado e preocupado, vá lá fora e olhe para as estrelas. Lembre-se de que o Deus que criou as estrelas e sabe o nome delas cuida de você.
A maior cura para a ansiedade é aprender a confiar nesse Deus, que é bom o bastante para se importar com seu medo mais complexo, e também grande o bastante para libertá-lo de qualquer mal que possa vir a machucá-lo. Isso não significa que nunca acontecerão coisas ruins a você. No entanto, em Jesus Cristo, Deus cuidou do nosso maior e mais real perigo: a separação dele (Rm 6.23), e ele também redimiu nosso sofrimento. Mesmo quando luta com medo e ansiedade, lembre-se de que Deus está com você, é por você e que planeja usar seu sofrimento para ajudá-lo a experimentar o amor dele de uma forma ainda mais pessoal (Dt 8.2-3), enquanto o faz crescer para ser mais parecido com Cristo (Rm 8.28-29).
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
Eva no processo da tentação - Kathleen Nielson
O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro O Que Deus Diz Sobre as Mulheres, de Kathleen Nielson, Editora Fiel.
Por que a serpente mirou em Eva, e não em Adão? Por ser ardilosa, evidentemente ela pensou que isso daria certo — mas por quê? Bem, a razão não nos é revelada, mas, pelo êxito da serpente, vemos que tanto Eva era vulnerável à investida do animal como Adão era vulnerável à investida de… Eva. Eva é a personagem humana central desse drama. Não causa admiração, portanto, que, por séculos, as pessoas sintam-se compelidas a tentar explicá-la.
Alguns concluem que Eva simplesmente não era tão esperta quanto Adão; que ela era estúpida. Por isso a serpente conseguiu enrolá-la com sua lógica ardilosa, enquanto Adão (assim dizem) a teria desmascarado, mandando o animal sumir de vez. O apóstolo Paulo distingue Adão e Eva no processo da tentação: “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 2.14). Isso quer dizer que Adão era mais esperto do que Eva?
Outros tomam Eva como não menos inteligente, porém mais maldosa. Ela foi atraída para o diabo em meio a uma vida perfeita num belo jardim, com um marido que a amava, na presença do próprio Deus — como, então, pôde fazer isso? Quanta maldade! Tertuliano, um escritor do século III d.C., escreveu On the Apparel of Women. Nessa obra, Tertuliano lembra a todas as mulheres que elas compartilham com Eva “a ignomínia (…) do pecado original e o ódio de ser a causa da queda da raça humana”: Não sabeis que cada uma de vós é uma Eva? Uma sentença de Deus sobre esse vosso sexo habita nesta era: necessariamente a culpa também tem de estar ali. Tu és o portal do diabo: tu foste aquela que deslacrou a árvore [proibida]; tu foste a primeira a abandonar a lei divina; tu foste aquela que persuadiu aquele a quem o próprio diabo não teve coragem de atacar. Tu destruíste com tanta facilidade a imagem de Deus, mulher. Devido à tua deserção — ou seja, a morte —, até mesmo o Filho de Deus teve de morrer.
Acrescentemos mais um retrato que acompanha a “Eva estúpida” e a “Eva maldosa”: a de “Eva tentadora sexual”. Muitos quadros artísticos antigos apresentavam Eva em posições sedutoras, estendendo o fruto enquanto oferecia muito mais que apenas o fruto. Nesse cenário, o pobre Adão aparece como um incapaz sob o poder das investidas sexuais de Eva. Eva torna-se, assim, o arquétipo da femme fatale — preparando o caminho, implicitamente, para todas as mulheres depois dela.
Todo o Capítulo 3 de Gênesis nos ajuda a lidar com essas imagens, mas vamos tomar um ponto de partida. Será que Eva era menos inteligente que Adão e, portanto, um alvo mais fácil? A Bíblia não oferece evidência disso. Na verdade, Eva parece bastante articulada — com certeza mais que Adão nesse cenário! Embora a Bíblia diga que ela foi “enganada”, não foi por incapacidade de raciocínio que ela foi pega; foi o desejo — a árvore era boa, agradável e desejável.
Na verdade, podemos atribuir a vulnerabilidade de Eva à falta de cuidado de Adão em lidar bem com ela. Temos de nos lembrar que foi a ele que Deus originalmente deu a ordem de não comer do fruto. Por que ele não PULOU para dentro daquela conversa, declarando a palavra de Deus e salvando Eva desse engano?
O erro de Adão, contudo, não cancela o de Eva — mas não foi menos grave que o dela. Em última instância, a vulnerabilidade tanto de Adão como de Eva foi em relação à tentação e ao pecado. Desse modo, em Gênesis 3, Eva não é apresentada como uma pessoa mais maldosa que Adão. Ambos caíram, um logo após o outro. A questão da ordem é essencial, e Paulo aborda essa questão ao falar do pecado de Eva. Pouco antes de seu comentário sobre Eva ter sido enganada, Paulo escreve: “Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva” (1Tm 2.13). Por que Paulo aponta para essa ordem? Porque Adão tinha a responsabilidade primária naquela cena lá do Éden. E não agiu em conformidade com essa responsabilidade. Vejamos a visão de Deus a esse respeito nos versículos seguintes.
Quanto à acusação de que Eva usou seus encantos sexuais para seduzir Adão a comer da árvore, suponho que isso seja possível. Não existe, contudo, apoio das Escrituras para esse ponto de vista. Adão certamente não era incapaz: “E comeu”. Ele fez isso. Podemos dizer que aqui está o clímax da ação. Adão não era incapaz, nem foi enganado; ele sabia exatamente o que a voz de Deus havia dito, mas escutou a voz de sua mulher e escolheu desobedecer.
Em Gênesis 3.1-7, não testemunhamos uma falha feminina, mas uma falha humana. A mulher pode ter aberto a porta para o pecado, mas Adão podia e devia ter fechado essa porta. As diversas representações de Eva como burra, má ou sedutora são injustas. Mas a Escritura não é. E o Deus da Escritura não é.
Por que a serpente mirou em Eva, e não em Adão? Por ser ardilosa, evidentemente ela pensou que isso daria certo — mas por quê? Bem, a razão não nos é revelada, mas, pelo êxito da serpente, vemos que tanto Eva era vulnerável à investida do animal como Adão era vulnerável à investida de… Eva. Eva é a personagem humana central desse drama. Não causa admiração, portanto, que, por séculos, as pessoas sintam-se compelidas a tentar explicá-la.
Alguns concluem que Eva simplesmente não era tão esperta quanto Adão; que ela era estúpida. Por isso a serpente conseguiu enrolá-la com sua lógica ardilosa, enquanto Adão (assim dizem) a teria desmascarado, mandando o animal sumir de vez. O apóstolo Paulo distingue Adão e Eva no processo da tentação: “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (1Tm 2.14). Isso quer dizer que Adão era mais esperto do que Eva?
Outros tomam Eva como não menos inteligente, porém mais maldosa. Ela foi atraída para o diabo em meio a uma vida perfeita num belo jardim, com um marido que a amava, na presença do próprio Deus — como, então, pôde fazer isso? Quanta maldade! Tertuliano, um escritor do século III d.C., escreveu On the Apparel of Women. Nessa obra, Tertuliano lembra a todas as mulheres que elas compartilham com Eva “a ignomínia (…) do pecado original e o ódio de ser a causa da queda da raça humana”: Não sabeis que cada uma de vós é uma Eva? Uma sentença de Deus sobre esse vosso sexo habita nesta era: necessariamente a culpa também tem de estar ali. Tu és o portal do diabo: tu foste aquela que deslacrou a árvore [proibida]; tu foste a primeira a abandonar a lei divina; tu foste aquela que persuadiu aquele a quem o próprio diabo não teve coragem de atacar. Tu destruíste com tanta facilidade a imagem de Deus, mulher. Devido à tua deserção — ou seja, a morte —, até mesmo o Filho de Deus teve de morrer.
Acrescentemos mais um retrato que acompanha a “Eva estúpida” e a “Eva maldosa”: a de “Eva tentadora sexual”. Muitos quadros artísticos antigos apresentavam Eva em posições sedutoras, estendendo o fruto enquanto oferecia muito mais que apenas o fruto. Nesse cenário, o pobre Adão aparece como um incapaz sob o poder das investidas sexuais de Eva. Eva torna-se, assim, o arquétipo da femme fatale — preparando o caminho, implicitamente, para todas as mulheres depois dela.
Todo o Capítulo 3 de Gênesis nos ajuda a lidar com essas imagens, mas vamos tomar um ponto de partida. Será que Eva era menos inteligente que Adão e, portanto, um alvo mais fácil? A Bíblia não oferece evidência disso. Na verdade, Eva parece bastante articulada — com certeza mais que Adão nesse cenário! Embora a Bíblia diga que ela foi “enganada”, não foi por incapacidade de raciocínio que ela foi pega; foi o desejo — a árvore era boa, agradável e desejável.
Na verdade, podemos atribuir a vulnerabilidade de Eva à falta de cuidado de Adão em lidar bem com ela. Temos de nos lembrar que foi a ele que Deus originalmente deu a ordem de não comer do fruto. Por que ele não PULOU para dentro daquela conversa, declarando a palavra de Deus e salvando Eva desse engano?
O erro de Adão, contudo, não cancela o de Eva — mas não foi menos grave que o dela. Em última instância, a vulnerabilidade tanto de Adão como de Eva foi em relação à tentação e ao pecado. Desse modo, em Gênesis 3, Eva não é apresentada como uma pessoa mais maldosa que Adão. Ambos caíram, um logo após o outro. A questão da ordem é essencial, e Paulo aborda essa questão ao falar do pecado de Eva. Pouco antes de seu comentário sobre Eva ter sido enganada, Paulo escreve: “Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva” (1Tm 2.13). Por que Paulo aponta para essa ordem? Porque Adão tinha a responsabilidade primária naquela cena lá do Éden. E não agiu em conformidade com essa responsabilidade. Vejamos a visão de Deus a esse respeito nos versículos seguintes.
Quanto à acusação de que Eva usou seus encantos sexuais para seduzir Adão a comer da árvore, suponho que isso seja possível. Não existe, contudo, apoio das Escrituras para esse ponto de vista. Adão certamente não era incapaz: “E comeu”. Ele fez isso. Podemos dizer que aqui está o clímax da ação. Adão não era incapaz, nem foi enganado; ele sabia exatamente o que a voz de Deus havia dito, mas escutou a voz de sua mulher e escolheu desobedecer.
Em Gênesis 3.1-7, não testemunhamos uma falha feminina, mas uma falha humana. A mulher pode ter aberto a porta para o pecado, mas Adão podia e devia ter fechado essa porta. As diversas representações de Eva como burra, má ou sedutora são injustas. Mas a Escritura não é. E o Deus da Escritura não é.
sábado, 1 de dezembro de 2018
Carta a um Jovem Cristão que faz sexo com sua namorada.
Meu caro Ricardo,
Ontem estive pregando em sua igreja e tive a oportunidade de rever João, nosso amigo comum. Não lhe encontrei. João me disse que você e a Raquel, sua namorada, tinham saído com a turma da mocidade para um acampamento no fim de semana e que só regressariam nessa segunda bem cedo.
Saí com o João para comer pizza após o culto e falamos sobre você. João abriu o coração. Ele está muito preocupado com você, desde que você disse a ele que tem ido com Raquel para motéis da cidade e às vezes até mesmo depois do culto de jovens no sábado à noite. Ele falou que já teve várias conversas com você mas que você tem argumentado defendendo o sexo antes do casamento como se fosse normal e que pretende casar com Raquel quando terminarem a faculdade.
Ele pediu minha ajuda, para que eu falasse com você, e me autorizou a mencionar nossa conversa na pizzaria. Relutei, pois acho que é o pastor de sua igreja que deve tratar desse assunto. Você e a Raquel, afinal, são membros comungantes dessa igreja e estão debaixo da orientação espiritual dela. Mas, João me disse que o pastor faz de conta que não sabe que essas coisas estão acontecendo na mocidade da igreja. Como sou amigo da sua família fazem muitos anos, desde que vocês frequentaram minha igreja em São Paulo, resolvi, então, escrever para você sobre esse assunto, tendo como base os argumentos que você usou diante de João para justificar sua ida a motéis com a Raquel.
Se entendi direito, você argumenta que não há nada na Bíblia que proíba sexo antes do casamento. É verdade que não há uma passagem bíblica que diga “não farás sexo antes do casamento;” mas existem dezenas de outras que expressam essa verdade com outras palavras e de outras maneiras. Podemos começar com aquelas que pressupõem o casamento como sendo o procedimento padrão, legal e estabelecido por Deus para pessoas que desejam viver juntas (veja Mateus 9:15; 24:38; Lucas 12:36; 14:8; João 2:1-2; 1Coríntios 7:9,28,39), aquelas que abençoam o casamento (Hebreus 13:4) e aquelas que se referem ao divórcio – que é o término oficial do casamento – como algo que Deus aborrece (veja Malaquias 3:16; Mateus 5:31-32).
Podemos incluir ainda aquelas passagens contra os que proíbem o casamento (1Timóteo 4:3) e as outras que condenam o adultério, a fornicação e a prostituição (veja Mateus 5:28,32; 15:19; João 8:3; 1Coríntios 7:2; 6:9; Gálatas 5:19; Efésios 5:3-5; Colossenses 3:5; 1Tessalonicenses 4:3-5; 1Timóteo 1:10; Hebreus 13:4; Apocalipse 21:8; 22:15). Qual é o referencial que nos possibilita caracterizar esses comportamentos como desvios, impureza e pecado? O casamento, naturalmente. Adultério, prostituição e fornicação, embora tendo nuances diferentes, têm em comum o fato de que são relações sexuais praticadas fora do casamento. Se o casamento, que implica num compromisso formal e legal entre um homem e uma mulher, não fosse a situação normal onde o sexo pode ser desfrutado de maneira legítima, como se poderia caracterizar como desvio o adultério, a fornicação ou a prostituição? A Bíblia considera essas coisas como pecado e coloca os que praticam a impureza sexual e a imoralidade debaixo da condenação de Deus – a menos que se arrependam, é claro, e mudem de vida.
Você argumenta também que o casamento é uma conveniência humana e que muda de cultura para cultura. Bom, é certo que o casamento tem um caráter social, cultural e pessoal. Todavia, do ponto de vista bíblico, não se pode esquecer que foi Deus quem criou o homem e a mulher, que os juntou no jardim, e disse que seriam uma só carne, dando-lhes a responsabilidade de constituir família e dominar o mundo. O casamento é uma instituição divina a ser realizada pelas sociedades humanas. Embora as culturas sejam distintas, e os rituais e procedimentos dos casamentos sejam distintos, do ponto de vista bíblico o casamento implica em reconhecimento legal daquela união por quem de direito, trazendo implicações para a criação e tutela dos filhos, sustento da casa e também responsabilidades e consequências em caso de separação e repúdio. Quando duas pessoas resolvem ir morar juntas como se fossem casadas, essa decisão não faz delas pessoas casadas diante de Deus – mas (desculpe a franqueza), pessoas que estão vivendo em imoralidade sexual.
É verdade que a legislação de muitos países tem cada vez mais reconhecido as chamadas uniões estáveis. É uma triste constatação que o casamento está cada vez mais sendo desvalorizado na sociedade moderna ocidental. Todavia, esses movimentos no mundo e na cultura não são a bússola pela qual a Igreja determina seu norte – e sim a Palavra de Deus. Em muitas culturas a legislação tem sancionado coisas que estão em contradição com os valores bíblicos, como aborto, eutanásia, uniões homossexuais, uso de drogas, etc. A Igreja deve ter uma postura crítica da cultura, tendo como referencial a Palavra de Deus.
O João me disse ainda que você considera que o mais importante é o amor e a fidelidade, e que argumentou que tem muita gente casada mas infeliz e infiel para com o cônjuge. Ricardo, é um jogo perigoso tentar justificar um erro com outro. Gente casada que é infiel não serve de desculpas para quem quer viver com outra pessoa sem se casar com ela. Além do mais, como pode existir o conceito de fidelidade numa união que não tem caráter oficial nem legal, e que não teve juramentos solenes feitos diante de Deus e das autoridades constituídas? Mesmo que você e sua namorada façam uma “cerimônia” particular onde só vocês dois estão presentes e onde se casem a si mesmos diante de Deus – qual a validade disso? As promessas de fidelidade trocadas por pessoas não casadas têm tanto valor quanto um contrato de gaveta. Lembre inclusive que não é a Igreja que casa, e sim o Estado. Naqueles casamentos religiosos com efeito civil, o pastor ou padre está agindo com procuração do juiz.
Não posso deixar de mencionar aqui que na Bíblia o casamento é constantemente referido como uma aliança (veja Ezequiel 16:59-63). Deus é testemunha dessa aliança feita no casamento, a qual também é chamada de “aliança de nossos pais”, uma referência ao caráter público da mesma (não deixe de ler Malaquias 2:10-16).
Não fiquei nem um pouco surpreso com seu outro argumento para fazer sexo com sua namorada, que foi “é importante conhecer bem a pessoa antes do casamento”. Já ouvi esse argumento dezenas de vezes. E sempre o considerei uma burrice – mais uma vez, desculpe a franqueza. Em que sentido ter relações sexuais com sua namorada vai lhe dar um conhecimento dela que servirá para determinar se o casamento vai dar certo ou não? Embora o sexo seja uma parte muito importante do casamento, o que faz um casamento funcionar são os relacionamentos pessoais, a tolerância, a compreensão, a renúncia, o amor, a entrega, o compartilhar… você pode descobrir antes do casamento que sua namorada é muito boa de cama, mas não é o desempenho sexual de vocês que vai manter ou salvar seu casamento. Esse argumento parte de um equívoco fundamental com relação à natureza do casamento e no fim nada mais é que uma desculpa tola para comerem a sobremesa antes do almoço.
Agora, o pior argumento que ouvi do João foi que você disse “a graça de Deus tolera esse comportamento.” Acho esse o pior argumento porque ele revela uma coisa séria em seu pensamento, que é tomar a graça de Deus como desculpa para um comportamento imoral. Esse sempre foi o argumento dos libertinos ao longo da história da igreja. O escritor bíblico Judas, irmão de Tiago, enfrentou os libertinos de sua época chamando-os de “homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas 4). Esse é o caminho de Balaão “o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição” (Apocalipse 2:14). É a doutrina da prostituta-profetisa Jezabel, que seduzia os cristão “a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (Apocalipse 2:20) e a conhecer “as coisas profundas de Satanás” (Apocalipse 2:24).
Como seu amigo e pastor, permita-me exortá-lo a cair fora dessa maneira libertina de pensar, Ricardo, antes que sua consciência seja cauterizada pelo engano do pecado (Hebreus 3:13). Ainda há tempo para arrependimento e mudança de atitude. A abstinência sexual é o caminho de Deus para os solteiros, e esse estilo de vida é perfeitamente possível pelo poder do Espírito, ainda que aos olhos de outros seja a coisa mais careta e retrógrada que exista. Se você realmente pensa em casar com a Raquel e constituírem família, o melhor caminho é pararem agora de ter relações e aguardarem o dia do casamento. Vocês devem confessar a Deus o seu pecado e um ao outro, e seguir o caminho da abstinência, com a graça de Deus.
Estou à sua disposição para conversarmos pessoalmente. Traga a Raquel também. Estou orando por vocês.
Um grande abraço,
Pr. Augustus
Ontem estive pregando em sua igreja e tive a oportunidade de rever João, nosso amigo comum. Não lhe encontrei. João me disse que você e a Raquel, sua namorada, tinham saído com a turma da mocidade para um acampamento no fim de semana e que só regressariam nessa segunda bem cedo.
Saí com o João para comer pizza após o culto e falamos sobre você. João abriu o coração. Ele está muito preocupado com você, desde que você disse a ele que tem ido com Raquel para motéis da cidade e às vezes até mesmo depois do culto de jovens no sábado à noite. Ele falou que já teve várias conversas com você mas que você tem argumentado defendendo o sexo antes do casamento como se fosse normal e que pretende casar com Raquel quando terminarem a faculdade.
Ele pediu minha ajuda, para que eu falasse com você, e me autorizou a mencionar nossa conversa na pizzaria. Relutei, pois acho que é o pastor de sua igreja que deve tratar desse assunto. Você e a Raquel, afinal, são membros comungantes dessa igreja e estão debaixo da orientação espiritual dela. Mas, João me disse que o pastor faz de conta que não sabe que essas coisas estão acontecendo na mocidade da igreja. Como sou amigo da sua família fazem muitos anos, desde que vocês frequentaram minha igreja em São Paulo, resolvi, então, escrever para você sobre esse assunto, tendo como base os argumentos que você usou diante de João para justificar sua ida a motéis com a Raquel.
Se entendi direito, você argumenta que não há nada na Bíblia que proíba sexo antes do casamento. É verdade que não há uma passagem bíblica que diga “não farás sexo antes do casamento;” mas existem dezenas de outras que expressam essa verdade com outras palavras e de outras maneiras. Podemos começar com aquelas que pressupõem o casamento como sendo o procedimento padrão, legal e estabelecido por Deus para pessoas que desejam viver juntas (veja Mateus 9:15; 24:38; Lucas 12:36; 14:8; João 2:1-2; 1Coríntios 7:9,28,39), aquelas que abençoam o casamento (Hebreus 13:4) e aquelas que se referem ao divórcio – que é o término oficial do casamento – como algo que Deus aborrece (veja Malaquias 3:16; Mateus 5:31-32).
Podemos incluir ainda aquelas passagens contra os que proíbem o casamento (1Timóteo 4:3) e as outras que condenam o adultério, a fornicação e a prostituição (veja Mateus 5:28,32; 15:19; João 8:3; 1Coríntios 7:2; 6:9; Gálatas 5:19; Efésios 5:3-5; Colossenses 3:5; 1Tessalonicenses 4:3-5; 1Timóteo 1:10; Hebreus 13:4; Apocalipse 21:8; 22:15). Qual é o referencial que nos possibilita caracterizar esses comportamentos como desvios, impureza e pecado? O casamento, naturalmente. Adultério, prostituição e fornicação, embora tendo nuances diferentes, têm em comum o fato de que são relações sexuais praticadas fora do casamento. Se o casamento, que implica num compromisso formal e legal entre um homem e uma mulher, não fosse a situação normal onde o sexo pode ser desfrutado de maneira legítima, como se poderia caracterizar como desvio o adultério, a fornicação ou a prostituição? A Bíblia considera essas coisas como pecado e coloca os que praticam a impureza sexual e a imoralidade debaixo da condenação de Deus – a menos que se arrependam, é claro, e mudem de vida.
Você argumenta também que o casamento é uma conveniência humana e que muda de cultura para cultura. Bom, é certo que o casamento tem um caráter social, cultural e pessoal. Todavia, do ponto de vista bíblico, não se pode esquecer que foi Deus quem criou o homem e a mulher, que os juntou no jardim, e disse que seriam uma só carne, dando-lhes a responsabilidade de constituir família e dominar o mundo. O casamento é uma instituição divina a ser realizada pelas sociedades humanas. Embora as culturas sejam distintas, e os rituais e procedimentos dos casamentos sejam distintos, do ponto de vista bíblico o casamento implica em reconhecimento legal daquela união por quem de direito, trazendo implicações para a criação e tutela dos filhos, sustento da casa e também responsabilidades e consequências em caso de separação e repúdio. Quando duas pessoas resolvem ir morar juntas como se fossem casadas, essa decisão não faz delas pessoas casadas diante de Deus – mas (desculpe a franqueza), pessoas que estão vivendo em imoralidade sexual.
É verdade que a legislação de muitos países tem cada vez mais reconhecido as chamadas uniões estáveis. É uma triste constatação que o casamento está cada vez mais sendo desvalorizado na sociedade moderna ocidental. Todavia, esses movimentos no mundo e na cultura não são a bússola pela qual a Igreja determina seu norte – e sim a Palavra de Deus. Em muitas culturas a legislação tem sancionado coisas que estão em contradição com os valores bíblicos, como aborto, eutanásia, uniões homossexuais, uso de drogas, etc. A Igreja deve ter uma postura crítica da cultura, tendo como referencial a Palavra de Deus.
O João me disse ainda que você considera que o mais importante é o amor e a fidelidade, e que argumentou que tem muita gente casada mas infeliz e infiel para com o cônjuge. Ricardo, é um jogo perigoso tentar justificar um erro com outro. Gente casada que é infiel não serve de desculpas para quem quer viver com outra pessoa sem se casar com ela. Além do mais, como pode existir o conceito de fidelidade numa união que não tem caráter oficial nem legal, e que não teve juramentos solenes feitos diante de Deus e das autoridades constituídas? Mesmo que você e sua namorada façam uma “cerimônia” particular onde só vocês dois estão presentes e onde se casem a si mesmos diante de Deus – qual a validade disso? As promessas de fidelidade trocadas por pessoas não casadas têm tanto valor quanto um contrato de gaveta. Lembre inclusive que não é a Igreja que casa, e sim o Estado. Naqueles casamentos religiosos com efeito civil, o pastor ou padre está agindo com procuração do juiz.
Não posso deixar de mencionar aqui que na Bíblia o casamento é constantemente referido como uma aliança (veja Ezequiel 16:59-63). Deus é testemunha dessa aliança feita no casamento, a qual também é chamada de “aliança de nossos pais”, uma referência ao caráter público da mesma (não deixe de ler Malaquias 2:10-16).
Não fiquei nem um pouco surpreso com seu outro argumento para fazer sexo com sua namorada, que foi “é importante conhecer bem a pessoa antes do casamento”. Já ouvi esse argumento dezenas de vezes. E sempre o considerei uma burrice – mais uma vez, desculpe a franqueza. Em que sentido ter relações sexuais com sua namorada vai lhe dar um conhecimento dela que servirá para determinar se o casamento vai dar certo ou não? Embora o sexo seja uma parte muito importante do casamento, o que faz um casamento funcionar são os relacionamentos pessoais, a tolerância, a compreensão, a renúncia, o amor, a entrega, o compartilhar… você pode descobrir antes do casamento que sua namorada é muito boa de cama, mas não é o desempenho sexual de vocês que vai manter ou salvar seu casamento. Esse argumento parte de um equívoco fundamental com relação à natureza do casamento e no fim nada mais é que uma desculpa tola para comerem a sobremesa antes do almoço.
Agora, o pior argumento que ouvi do João foi que você disse “a graça de Deus tolera esse comportamento.” Acho esse o pior argumento porque ele revela uma coisa séria em seu pensamento, que é tomar a graça de Deus como desculpa para um comportamento imoral. Esse sempre foi o argumento dos libertinos ao longo da história da igreja. O escritor bíblico Judas, irmão de Tiago, enfrentou os libertinos de sua época chamando-os de “homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas 4). Esse é o caminho de Balaão “o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição” (Apocalipse 2:14). É a doutrina da prostituta-profetisa Jezabel, que seduzia os cristão “a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (Apocalipse 2:20) e a conhecer “as coisas profundas de Satanás” (Apocalipse 2:24).
Como seu amigo e pastor, permita-me exortá-lo a cair fora dessa maneira libertina de pensar, Ricardo, antes que sua consciência seja cauterizada pelo engano do pecado (Hebreus 3:13). Ainda há tempo para arrependimento e mudança de atitude. A abstinência sexual é o caminho de Deus para os solteiros, e esse estilo de vida é perfeitamente possível pelo poder do Espírito, ainda que aos olhos de outros seja a coisa mais careta e retrógrada que exista. Se você realmente pensa em casar com a Raquel e constituírem família, o melhor caminho é pararem agora de ter relações e aguardarem o dia do casamento. Vocês devem confessar a Deus o seu pecado e um ao outro, e seguir o caminho da abstinência, com a graça de Deus.
Estou à sua disposição para conversarmos pessoalmente. Traga a Raquel também. Estou orando por vocês.
Um grande abraço,
Pr. Augustus
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