O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Sem Medo da Minha Idade, de Elyse Fitzpatrick, Editora Fiel.
Embora as estatísticas pareçam dizer o contrário, eu não acredito que nossos casamentos deterioram somente porque entramos em nossa quarta década. Acredito que é um problema que se vem desenvolvendo há mais tempo, mas que apenas agora finalmente percebemos quanto a casa se tornou silenciosa. Entrar no entardecer da vida não é o que faz com que o casamento, misteriosamente, se torne algo de humor negro com um final pavoroso. O filme está em cartaz há algum tempo. Mas nós estávamos ocupadas demais com o treino de futebol, com os trabalhos de ciências e com as festas de aniversário para perceber que os fundamentos de nossa vida juntos têm-se deteriorado.
Pense em como era a vida antes de termos filhos. Para algumas de nós, o começo pode ter sido difícil; para outras, contudo, foi adorável e tranquilo. Reflita agora sobre as seguintes questões:
O que eu amava sobre meu marido quando me casei com ele?
Quando foi a última vez que me alegrei por estar com ele?
Sobre o que conversávamos antes de nossos filhos tornarem a comunicação significativa mais difícil?
Quando foi a última vez que você agradeceu a Deus de coração por seu marido?
Quando você ficou na expectativa de passar algum tempo sozinha com ele?
Cavernas de renúncia benigna
Adoro a passagem do evangelho de João sobre Maria e a morte e a ressurreição de seu irmão, Lázaro. Você se lembra da história da visita que Jesus fez a esses três solteiros — Maria, Marta e Lázaro. Jesus desafiou as convenções culturais da época quando defendeu o desejo de Maria assentar-se aos seus pés em vez de cumprir com suas obrigações na cozinha. Seu coração era cheio de fé e de intenso amor por seu mestre.
Mas, algum tempo depois de Jesus ter deixado Betânia, Lázaro ficou doente. “Está enfermo aquele a quem amas”, escreveu Maria ao seu Senhor. É como se ela tivesse dito: “Por favor, venha ajudá-lo”. Mas, depois, lemos a frase mais surpreendente: “Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava” (Jo 11.6). Nesse ínterim, Lázaro morreu.
Você é capaz de imaginar a confusão, a decepção e o desespero de Maria? Você consegue imaginar o diálogo entre Maria e Marta, uma tentando encorajar a outra enquanto a doença de Lázaro só piorava?
“Não se preocupe”, talvez tenha dito Maria. “O mestre virá.”
“Fui informada de que ele está somente a dois dias de distância.” “Se ele se apressar, pode ajudar Lázaro.”
Até que Lázaro morreu. “Onde está o Senhor?”, certamente perguntavam-se eles. “Por que não veio?” E, enquanto elas preparavam o corpo de Lázaro, embrulhando-o em panos para que fosse sepultado e ungindo-o com o precioso bálsamo, encheram-se de desgosto e desespero. Eles eram amigos de Jesus. Ele seria capaz de curá-lo. Ele seria capaz de impedir que ele morresse. Mas a realidade é que quatro dias já se haviam passado e findaram-se todas as esperanças de seus corações, assim como a vida deixara o corpo de Lázaro.
Se estiveras aqui
Embora a maioria de nós não tenha experimentado o sofrimento de perder um amado irmão mais novo por causa de uma enfermidade, todas nós conhecemos o desespero de contemplar a morte dos sonhos que tínhamos para nosso casamento. Talvez você não tenha refletido ultimamente sobre determinados aspectos de seu casamento — expectativas e esperanças para seu relacionamento com seu marido
—, então eu quero ajudá-la a examinar um pouco de seu coração, pedindo que você reflita seriamente sobre essas questões.
Qual parte de seu casamento é como o túmulo de Lázaro?
Quais são os sonhos que você já sepultou, selando o sepulcro com uma pedra, para que seus olhos desiludidos não tivessem de contemplar a vergonha do fracasso?
Quais são os aspectos do casamento pelos quais você não ora mais, sobre os quais não fala mais e para os quais não tem mais esperança?
Quais esperanças são dolorosas demais para sequer pensar em ressuscitá-las?
Você enxerga a si mesma como alguém que foi criada para ser a auxiliadora de seu marido? Para tentar se defender, você se tornou independente e autossuficiente?
Quais assuntos tornaram-se anátemas para você porque agora finalmente conseguiu desenvolver uma dura camada de proteção sobre suas decepções e seria muito doloroso removê-la?
Qual parte de seu coração é como o túmulo de Lázaro? Escuro, sem vida e com o mau cheiro do remorso e do “se ao menos”?
Talvez você não esteja prestes a se divorciar, talvez você esteja, mas, se reconhecer que existem segmentos de seu coração nos quais você cedeu para o que minha amiga Carol Cornish chama de “renúncia benigna”, então você sabe do que estou falando.
Por favor, não me interprete mal. Não estou dizendo que você tenha desistido do Senhor. Tenho certeza de que Marta e Maria sabiam que Jesus era capaz de ajudar se quisesse. As duas criam na ressurreição. O problema não era a ortodoxia da fé delas. O problema era que elas não tinham uma fé suficientemente profunda para alcançar as circunstâncias desoladoras que estavam vivenciando naquele momento. A fé não alcançou as trevas da decepção e, embora estivessem de luto, elas encontraram um mecanismo de autodefesa para conseguir levar a vida adiante. Não estou dizendo que é errado esforçar-se para lidar com a decepção. Todos nós fazemos isso. O que não podemos fazer é tentar mascarar nossas decepções com a dissimulação, colocando no rosto um sorriso corajoso, mas insincero, enquanto, mergulhadas na incredulidade, dizemos entre os dentes: “Está tudo bem… eu estou bem, sim”.
Agora é hora de relembrar aquelas fendas escuras de incredulidade e desespero e de convidar Cristo para agir com o poder da ressurreição. Talvez você precise começar a orar por seu marido como nunca orou antes. Talvez agora seja a hora de você dizer que, independentemente de ele mudar ou não, você vai encontrar fé para dizer mais do que: “Está tudo bem… estou bem, sim”. Você precisa ter a fé que diz: “Essas coisas são um bem na minha vida. Meu Pai celestial está usando essa circunstância para sua glória e para o meu bem. Então, embora eu quisesse que meu marido mudasse em algumas áreas, posso me alegrar até mesmo quando ele não muda. O que antes era um cadáver apodrecido de incredulidade tornou-se uma fonte de vida, fé e alegria para mim, pois eu consigo enxergar a mão do meu Pai”.
A presença de Jesus transforma morte em vida, trevas em luz e tragédia em bênção! Jesus faz com que aquilo que antes parecia ser maldição torne-se fonte de alegria. Talvez seu marido não seja hoje (ou talvez nunca tenha sido) o que você esperava que ele fosse. Mesmo assim, Deus prometeu que lhe dará tudo aquilo de que você precisa para a vida e piedade no conhecimento dele. A verdade difícil, mas reconfortante, é que o marido que você recebeu de Deus é aquele de quem você precisa para aprender sobre o caráter de Deus. Ele escolheu seu marido para que Deus possa moldá-la na auxiliadora que ele quer que você seja. Com que objetivo? Você se lembra do que escrevi no primeiro capítulo? Ele lhe deu o marido que você tem para a glória de Deus e para seu bem maior. Então, em todas as situações em que você sente que está sofrendo ou que se sente decepcionada, pode se alegrar com o fato de Deus haver preparado esse problema com propósitos que se estendem para além de sua felicidade imediata — rumo à eternidade.
terça-feira, 16 de abril de 2019
Assinar:
Postar comentários (Atom)
-
A morte de Hugh MacKail, membro da Igreja Reformada da Escócia: “Agora, interrompo minha convers...
-
Nesta quarta-feira 12 de junho se comemora o dia dos namorados. Pediram-me para escrever algo sobre o assunto mas a verdade é que estou meio...
Nenhum comentário:
Postar um comentário