quinta-feira, 25 de julho de 2019

Mulheres fiéis no casamento

Mulheres fiéis no casamento

O trecho abaixo foi extraído do livro Mulheres Fiéis e seu Deus Maravilhoso, de Noël Piper, Editora Fiel.
Jonathan Edwards e Sarah Pierrepont se casaram, finalmente, em 28 de julho de 1727. Ela tinha dezessete anos, e ele, vinte e quatro. Jonathan vestia uma peruca e uma nova veste clerical, que ganhou de sua irmã, Mary. Sarah usava um vestido de cetim verde bordado.
Temos apenas vislumbres do grande amor entre eles. Certa vez, Jonathan usou o exemplo do amor entre um homem e uma mulher para exemplificar o amor a Deus. “Quando temos uma ideia do amor de alguém por determinada coisa, se for o amor de um homem por uma mulher… não conhecemos completamente o amor dele; temos apenas uma ideia de suas ações que são os efeitos do amor… Temos uma leve e vaga noção de suas afeições.”
Jonathan tornou-se pastor em Northampton, seguindo os passos de seu avô, Solomon Stoddard. Começou este ministério em fevereiro de 1757, apenas cinco meses antes de seu casamento, em New Haven.
Sarah não passou desapercebida em Northampton. De acordo com os costumes da época, um biógrafo imagina a chegada de Sarah à igreja de Northampton:
Qualquer pessoa bonita que chegue a um vilarejo gera curiosidade. Contudo, quando tal pessoa é também a esposa do novo pastor, causa intenso interesse. A maneira como os bancos da igreja eram dispostos naquela época, davam destaque à família do pastor como uma bandeira tremulando… Por isso, os olhos de cada pessoa da cidade estavam sobre Sarah, enquanto ela se movia em seu vestido de noiva.
O costume ditava que uma noiva, em seu primeiro domingo na igreja, vestisse seu vestido de noiva e caminhasse vagarosamente, para que todos pudessem observá-lo bem. As noivas também tinham o privilégio de escolherem o texto a ser pregado no primeiro domingo após o seu casamento. Não há registro a respeito do texto que Sarah escolheu, mas seu versículo favorito era: “Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8.35). É possível que ela tenha escolhido este versículo como texto para a pregação.
Ela tomou seu lugar no assento designado a simbolizar o seu papel – um banco alto de frente para a congregação, onde todos poderiam perceber o menor sinal de expressão. Sarah havia sido preparada para esta posição de evidência a cada domingo de sua infância, na comunidade de New Haven, mas era diferente de ser, ela mesma, a esposa do pastor. Outra mulher poderia bocejar ou mover furtivamente o pé, numa manhã fria de janeiro, dentro de uma igreja sem aquecimento. Ela nunca.
Marsden diz: “No outono de 1727 [cerca de três meses após o casamento], Jonathan tinha recuperado sua conduta espiritual, principalmente sua habilidade em aprofundar a intensidade espiritual que havia perdido por três anos”.
O que fez a diferença? Talvez ele estivesse mais apto para uma posição na igreja do que para o cenário acadêmico, em Yale, onde lecionava, antes de aceitar o cargo pastoral. Aparentemente, sua recuperação também estava relacionada ao casamento. Durante cerca de três anos antes de casar-se, além de sua rigorosa ocupação acadêmica, Jonathan se refreara sexualmente, ansiando pelo dia em que ele e Sarah seriam uma só carne. Quando iniciaram a vida juntos, ele era um novo homem. Tinha encontrado seu lar e o céu na terra.

Sarah como esposa

Quando Sarah iniciou seu papel de esposa, deu a Jonathan liberdade para buscar os combates filosóficos, científicos e teológicos que fizeram dele o homem que nós honramos. Edwards era um homem a quem as pessoas reagiam. Era diferente, intenso. Sua força moral era uma ameaça às pessoas inclinadas ao rotineiro. Após adentrar seus pensamentos às verdades bíblicas e implicações teológicas ou aos assuntos eclesiásticos, ele não voltava atrás em suas descobertas.
Por exemplo, ele compreendia que somente os crentes deveriam tomar a Ceia do Senhor na igreja. A igreja de Northampton não ficou feliz quando Edwards foi contra os padrões mais fracos de seu avô, que permitia que mesmo os descrentes tomassem a Ceia, desde que não tivessem participação em pecado aberto. Esse tipo de controvérsia significava que Sarah, em segundo plano, também era afetada pela oposição que seu marido enfrentava.
Edwards era um pensador que mantinha ideias em sua mente, ponderando-as, separando-as, juntando-as a outras ideais e testando-as contra outras partes da verdade de Deus. Tal homem alcança o auge quando as idéias separadas juntam-se numa verdade maior. Mas, também é o tipo de homem que pode encontrar-se em covas profundas, no caminho à verdade.
Não é fácil viver com um homem assim. Mas Sarah encontrou meios de construir um lar feliz para ele. Ela o assegurou de seu amor constante e criou uma atmosfera e uma rotina, nas quais ele gozava de liberdade para pensar. Ela entendia que, quando ele estava absorto em um pensamento, não queria ser interrompido para jantar. Compreendia que suas sensações de alegria ou tristeza eram intensas. Edwards escreveu em seu diário: “Frequentemente, tenho visões muito comoventes de minha própria pecaminosidade e perversidade, a ponto de me levar a um choro alto… que sempre me força a ficar a sós”.
A cidade via um homem sereno. Sarah conhecia as tempestades que existiam dentro dele. Ela conhecia o Jonathan da intimidade do lar.
Samuel Hopkins escreveu:
Enquanto ela tratava seu marido com acatamento e inteiro respeito, não poupava esforços para conformar-se às inclinações dele e tornar tudo em família agradável e prazeroso, fazendo disso sua maior glória e o modo como poderia melhor servir a Deus e à sua geração [e a nossa, podemos acrescentar]; e isso tornava-se o meio de promover o benefício e a felicidade de seu marido.
Portanto, a vida no lar dos Edwards era moldada, em sua maior parte, pelo chamado de Jonathan. Uma das notas de seu diário dizia: “Penso que, ao ressuscitar de madrugada, Cristo nos recomendou levantar bem cedo pela manhã”. Levantar-se cedo era um hábito de Jonathan. Durante anos, a rotina da família era acordar cedo, junto com ele, ler um capítulo da Bíblia à luz de velas e orar, pedindo a bênção de Deus para aquele novo dia.
Jonathan tinha o hábito de fazer algum trabalho físico durante uma parte do tempo, todos os dias, para exercitar-se – por exemplo, cortar lenha, consertar cercas ou trabalhar no jardim. Mas Sarah tinha a maior parte da responsabilidade em cuidar da propriedade.
Com frequência, Jonathan estudava treze horas por dia. Isto incluía muita preparação para os domingos, com o ensino bíblico. Mas também incluía os momentos em que Sarah ia conversar, ou quando os membros da igreja paravam para uma oração ou aconselhamento.
À noite, os dois andavam a cavalo pela floresta para exercitar-se, respirar ar puro e conversar. E, então, oravam juntos novamente.

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