quarta-feira, 27 de março de 2019

3 razões para deixar as luzes acesas no momento das músicas no culto

O culto está para começar. Um vídeo de alguns minutos no telão atrairá a atenção dos presentes. O pessoal começa a sentar e ao fim do vídeo o grupo de música da igreja faz a abertura com uma música normalmente agitada. Enquanto a banda toca (30-40 minutos) as luzes estão apagadas na congregação e os spotlights acesos na banda. Ao término do canto, as luzes são acesas. Esse é basicamente o formato da abertura de um culto na maioria das igrejas contemporâneas, independente da denominação.

Não sou contra a contemporaneidade e acredito que podemos pensar biblicamente acerca dela. Também entendo que há uma certa liberdade bíblica para trabalhamos alguns elementos de culto dentro da nossa cultura (considerando que esses elementos sejam princípios e/ou prescrições bíblicas). Há também a questão da estética a ser considerada. Mesmo assim, gostaria de sugerir algumas razões para não nos rendermos à uma tentação cultural de entretenimento no momento que cantamos na igreja – luzes apagadas na congregação, mas acesas na plataforma.

Talvez muitos nem tenham percebido essa tentação e estão somente copiando um “método que deu certo” em igrejas emergentes na Austrália e Estados Unidos (por exemplo Hillsong Church e Bethel Church). Por outro lado, pode ser que haja intencionalidade em apagar as luzes no momento das músicas, como criar uma “atmosfera propícia para a adoração” ou “estimular as emoções e corações” nesse momento. Seja qual for o caso, acredito que temos princípios bíblicos que podem nos oferecer sabedoria para essas questões.
1. Somos instruídos a “falar uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais” (Ef 5.19).

Eu não estaria errado em afirmar que uma das razões para a indiferença (para não dizer silêncio) no momento do canto em muitas igrejas é a falsa ideia da congregação passiva e expectadora ao invés de ativa e estimuladora. O culto do Novo Testamento desconhece a ideia de somente um grupo de pessoas que canta enquanto outros assistem e aplaudem. O canto pertence a toda congregação, não à banda, coral ou dirigente da música. Todos presentes devem “falar uns aos outros com salmos, hinos e cânticos”.

John Stott diz acertadamente em seu comentário sobre essa passagem: “sempre que os cristãos se reúnem, eles adoram cantar tanto para Deus como para o outro. Às vezes, cantamos de maneira responsiva, como faziam os judeus no templo e na sinagoga, e como os primeiros cristãos também faziam, encontrando-se antes do amanhecer para recitar um hino alternadamente a Cristo como a um deus.”[1]Stott cita a carta de Plínio enviada ao imperador Trajano (112 d.C.) nessa última frase sobre cristãos cantando “alternadamente a Cristo como a um deus”.

Portanto, temos tanto uma exortação bíblica para o canto congregacional como relatos históricos que comprovam que essa era a prática da igreja primitiva.

O que Efésios 5.19 sugere é que nós cantamos tanto para Deus como para nós mesmos. Devemos “falar para nós mesmos nas nossas assembleias e reuniões, para edificação mútua”[2]. Acredito que sejam esses os dois propósitos do culto público: adoração e edificação.[3]
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Veja que Paulo diz que dentre as opções das músicas para o canto, temos os “salmos”. Há salmos que são exortações recíprocas. Tome por exemplo o Salmo 95: “Venham! Cantemos ao Senhor com alegria! Aclamemos a Rocha da nossa salvação.” Não é a banda que deve dizer isso, nem o líder ou pastor conducente, mas o povo.[4] A imagem que vem a nossa cabeça com esse salmo é de o povo se olhando e reafirmando sua fé mutuamente através da música: “pois o Senhor é o grande Deus, o grande Rei acima de todos os deuses” (verso 3).

Se isso é verdade, temos que nos perguntar: como cantaremos “uns aos outros” se não vemos uns aos outros enquanto cantamos? Será que pelo simples fato de deixarmos as luzes acesas na banda, não estamos dando a eles um destaque impróprio? Para ser sincero, as luzes deveriam estar acesas na congregação e apagadas na banda, pois os músicos são meros acompanhantes e exercem um papel secundário no canto. A igreja lidera, os músicos seguem.

Há muito mais que poderíamos pensar aqui, como por exemplo a disposição das cadeiras no culto (muitas das vezes vemos mais nucas dos que rostos), volume dos instrumentos, etc. Mas acredito que esse princípio de Paulo é um forte argumento para que a luzes permaneçam acesas!
2. Somos encorajados a cantar com alegria nos salmos, precisamos vê-la.

Uma das causas da profunda tristeza do salmista no salmo 42 é que ele se lembrava de quando costumava ir com a multidão à casa de Deus, “com cantos de alegria e de ação de graças entre a multidão que festejava” (verso 4). A alegria era, sem dúvida alguma, uma marca na adoração do povo de Deus.

C.S. Lewis descreve acertadamente a adoração israelita. Ele a chama de “apetite por Deus” e argumenta que “é um desejo natural e até mesmo físico, alegre e espontâneo“. Eles se alegravam e exultavam (Salmo 9.2). Deveriam cantar músicas e fazer barulhos alegres com tamborins, liras e harpas (81.1-2). Meras músicas não eram suficientes, todos os povos, mesmo os gentios ignorantes, deveriam bater palmas (47.1). Címbalos, não apenas bem sintonizados, mas barulhentos, e também danças (150: 5). Até mesmo as ilhas remotas (todas as ilhas eram remotas, pois os judeus não eram marinheiros) deveriam compartilham dessa exultação (97.1).[5]

É claro que o culto cristão atual não compartilha de todos os detalhes da adoração israelita, mas ainda assim a alegria permanece.[6] Não há nada mais edificante do que ver um irmão na fé adorando alegremente, apesar de todas as circunstâncias difíceis que tem passado. Jogamos um fardo muito grande nos músicos e dirigente do canto quando esperamos ver neles, domingo após domingo, essa alegria exuberante dos salmos. Precisamos da congregação para isso! Acenda as luzes e “se alegre com os que se alegram” (Rm 12.15).
3. É o Espírito Santo, através da Palavra, que prepara o nosso coração, não as luzes do ambiente.

A eclesiologia reformada nos privará de erros na adoração dominical. Por “eclesiologia reformada” tenho em mente os lemas da reforma protestantes (cinco solas) e as doutrinas da graça (conhecidas pelo acróstico inglês TULIP). Por exemplo, ao concordarmos com o “somente a Escritura”, daremos a ela um lugar central no nosso culto. Ao mesmo tempo, por entendermos que o homem é “totalmente depravado” em seus pecados, entenderemos que não é a quantidade de luz no ambiente (ou falta dela) que moverá seu coração.

A bíblia diz que somente a “lei do Senhor revigora a alma” (Sl 19.7). Somente a palavra de Deus é a “espada do Espírito” (Ef 6.17, veja a atuação do Espírito com a palavra) e que o agir do Espírito através da palavra é “eficaz” e penetra “corações” (Hb 4.12). Jesus disse que suas palavras são “espírito e vida” (Jo 6.63). Pedro disse que essas palavras garantem “vida eterna” (6.68) e que a regeneração acontece pela “semente imperecível, viva e permanente” (1Pe 1.23). Tiago diz a mesma coisa, fomos “gerados pela palavra da verdade” (Tg 1.18). Nitidamente, a palavra de Deus deve guiar e estar em cada elemento do culto cristão. Como Mark Dever diz, em nossos cultos devemos “cantar a palavra, orar a palavra, pregar a palavra, ler a palavra e ver a palavra” (nos sacramentos). É triste vermos igrejas que são conhecidas pela musicalidade e não pela fiel pregação, isso vai contra sua própria natureza – ser “uma comunidade teológica criada pela Palavra de Deus”.[7] O ponto aqui é claro: não é a quantidade de luz que moverá os corações pecadores.

Um outro ponto a se considerar é que Paulo nos ensina que a palavra de Deus que possibilita e prepara o momento dos cânticos e não o contrário. Veja o que diz Colossenses 3.16:

“Que a palavra de Cristo habite ricamente em vocês. Instruam e aconselhem-se mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão no coração”. Se a palavra não habitar nos nossos corações, eles não transbordarão em louvor, pior ainda, os cânticos não serão guiados pela palavra. Essa é a razão pela qual vemos tantas letras que não são bíblicas, a palavra deixou de habitar nos corações dos compositores! Lembre-se, não é a quantidade de música que você canta, nem como você “prepara o ambiente com as luzes da sua igreja” que preparará os corações para o que está por vir no culto, mas o quanto a palavra de Deus está reverberando no meio do seu povo.

Gostaria de escrever mais sobre o assunto, mas o espaço não me permite. Talvez você não concorde comigo nos pontos acima ou precisa de mais meditação, fique à vontade. Se eu consegui encorajá-lo(a) a pensar biblicamente sobre cada elemento do seu culto público, alcancei meu objetivo.


Por: Thiago Guerra. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. 

sexta-feira, 22 de março de 2019

Por que estudar teologia?

Por que raios eu deveria me importar com teologia?

Tudo o que eu preciso está na Bíblia.

Eu posso seguir Jesus sem ter de aprender todos os tipos de palavras obscuras.

Você já ouviu outro cristão dizer algo semelhante a essas declarações? Você já disse algo assim? Você já pensou em tais coisas? Se sim, você não está sozinho. A vasta maioria dos cristãos professos tem pouco ou nenhum interesse em teologia. Nas mentes de muitos cristãos não existe nenhuma conexão necessária entre a teologia e sua vida cristã cotidiana. Eles acreditam que a teologia é irrelevante.

A desconexão entre teologia e igreja e entre teologia e o cristão teve resultados desastrosos. Alguém precisa apenas olhar as recentes pesquisas examinando o nível de conhecimento teológico no meio dos cristãos professos, para saber que algo deu errado. Quando um grande número de cristãos professos começa a dizer aos seus amigos e familiares: “Você só precisa ler A Cabana! Aprendi muito sobre Deus com esse livro”, então, bem, Houston, temos um problema. Quando um grande número de cristãos evangélicos professos não tem certeza se a divindade de Cristo é um artigo da fé cristã, então nós temos mais que um problema. Nós somos os lêmingues daquele provérbio, correndo temerariamente em direção ao precipício.
Teologia Definida

Para que os cristãos comecem a entender por que a teologia é necessária e relevante, precisamos entender o que queremos dizer por teologia. Os teólogos reformados do passado definiram a teologia como “uma palavra sobre Deus” baseada na “Palavra de Deus”. Em suma, em sua essência, a teologia é o conhecimento de Deus.

O conhecimento de Deus é uma linha divisória entre crentes e incrédulos. As Escrituras caracterizam os incrédulos como aqueles que não “conhecem a Deus”, aqueles que não possuem “conhecimento de Deus” (Os 4.1; 1 Co 1.21; Gl 4.8; 1 Ts 4.5; 2 Ts 1.8; Tt 1.16). Em contraste, os cristãos são aqueles que conhecem a Deus e que estão crescendo no conhecimento de Deus (Cl 1.10). Crescer no conhecimento de Deus significa crescer em nossa teologia.

Nesse sentido mais básico, todos os cristãos são chamados à teologia. Se a Escritura nos convoca a crescermos no conhecimento de Deus/teologia, então, a busca desse conhecimento teológico é um ato de obediência cristã. Ela se torna um aspecto do discipulado cristão, algo inegociável para o crente.

Quando começamos a pensar a respeito de teologia, em primeiro lugar, como conhecimento de Deus, podemos começar a vislumbrar a verdade sobre a relevância da teologia. Podemos começar a ver que isso faz toda a diferença do mundo para as nossas vidas. Começamos a enxergar como isso é relevante para tudo o que pensamos, dizemos e fazemos como seguidores de Jesus Cristo.
Teologia e o Amor de Deus

Para aqueles que permanecem céticos, abordaremos a mesma questão de um ângulo diferente. Quando perguntaram a nosso Senhor Jesus Cristo: “Qual é o maior mandamento?”, qual foi a sua resposta?
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Ele disse: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mateus 22.37; cf. Marcos 12.30; Lucas 10.27).

Você ama a Deus?

Se assim for, isso é bom, mas temos de escolher entre o amor a Deus e a teologia, entre o amor a Deus e o conhecimento de Deus? Eu sugeriria que os Beatles estavam errados quando cantaram: “Tudo que você precisa é de amor”. Esse sentimento não conseguiu manter quatro rapazes juntos por mais de uma década. Assim, é certo que não manterá uma igreja saudável.

Amor a Deus e conhecimento de Deus caminham de mãos dadas. Se você realmente ama a Deus, você já tem pelo menos um conhecimento mínimo de Deus, uma “teologia” mínima. Se você não conhecesse absolutamente nada de Deus, se não tivesse nenhum conceito a respeito da sua existência, amá-lo seria impossível. Mas se você o ama porque conhece alguma coisa a respeito dele, deve haver um desejo de crescer em seu conhecimento dele – crescer em sua teologia.

Não é isso que acontece quando nos apaixonamos pela primeira vez por outra pessoa? Encontramos uma pessoa e, talvez, falamos com ela. Baseados no conhecimento que temos dessa pessoa, somos atraídos por ela. E se somos atraídos por essa pessoa, se gostamos dele ou dela, o que queremos? Queremos conhecer mais. Nós falamos a ela e dizemos: “Conte-me sobre você. Conte-me sobre a sua infância. Fale sobre os seus gostos, seus desgostos. Fale sobre suas esperanças e seus sonhos”. Então, nós ouvimos. E quanto mais o nosso crescimento a respeito dessa pessoa cresce, mais o nosso amor cresce.

Num sentido, isso é semelhante ao que estamos fazendo na teologia formal. Estamos fazendo perguntas a Deus, para que possamos crescer em nosso conhecimento sobre ele e, assim, em nosso amor por ele. Suas respostas às nossas perguntas são encontradas nas Escrituras. Quando começamos a organizar as respostas de maneira, temos uma forma rudimentar do que é chamado de teologia sistemática.

Nós dizemos: “Conte-me a teu respeito, Senhor”. Se organizarmos nossas respostas de maneira ordenada, temos o que os teólogos chamam de “teologia propriamente dita”. Ou se dizemos: “O que tu podes dizer a respeito de mim mesmo e de outros como eu?”, e arranjamos as respostas, temos a doutrina bíblica do homem, ou em termos mais técnicos: “antropologia teológica”. Nós podemos perguntar a Deus: “Podes me dizer o que há de errado comigo?” Um arranjo ordenado das respostas é a doutrina do pecado. Quando organizamos as respostas a esta pergunta: “Por que me escolheste e como é que agora estou reconciliado contigo?”, temos a doutrina da salvação ou soteriologia. Podemos perguntar a Deus: “Quais são os meus fins últimos?” Uma organização das respostas encontradas nas Escrituras é a doutrina das últimas coisas ou escatologia.

É claro que essa comparação é por demais simplista, mas o ponto básico deve ser claro. Teologia é conhecimento pessoal. Estritamente falando, é conhecimento tripessoal, porque é o conhecimento da Trindade. Também é um conhecimento que podemos ter apenas porque Deus decidiu se revelar. Jesus nos disse que “ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11.27; ênfase adicionada).
Para Quem É a Teologia?

Quando temos uma melhor compreensão da natureza da teologia, podemos entender melhor por que isso é necessário e relevante. Em primeiro lugar, a teologia é necessária e relevante para a igreja. A igreja é chamada para proclamar o evangelho e discipular as nações. Em suma, a igreja deve proclamar a verdade. A igreja deve instruir os cristãos e combater as falsas doutrinas (2 Timóteo 4.1-5; Tito 1.9). Ambas as tarefas exigem uma séria reflexão sobre o ensino das Escrituras. Portanto, a teologia é indispensável para a igreja.

A teologia também é necessária e relevante para cada cristão individual. Já mencionei a conexão entre o amor a Deus e o conhecimento de Deus. Um discípulo de Cristo deve estar crescendo em ambos. A necessidade e a relevância da teologia também podem ser demonstradas ao se notar a importância de se entender as Escrituras. Se a compreensão das Escrituras é importante e relevante, a teologia é relevante e importante. Permita-me elaborar isso um pouco mais. Leia lentamente cada uma das seguintes passagens da Escritura:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (João 1.1).
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1.14).
Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade (Colossenses 2.9).
Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo (Efésios 1.4).
Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2 Coríntios 5.19).
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Coríntios 5.21).

Numa escala de 1 a 10, quão importante você diria que cada um desses textos é? Você diria que eles possuem um alto nível de importância? Se você acredita que algum, ou todos esses textos têm um alto nível de importância, quão importante é que você e eu entendamos o que eles significam? Se você disse: “Muito”, você está correto. Agora, considere o fato de que a lista acima contém apenas seis versículos de toda a Palavra de Deus. É tão importante entender o restante da Escritura quanto entender esses seis versículos. Afinal de contas, ela é a Palavra de Deus. Essa é outra razão pela qual o estudo da teologia é relevante. Ela nos ajuda a entender a Escritura e a pensar e falar verdadeiramente sobre o que Deus revelou em sua Palavra.

Finalmente, é importante lembrar que mesmo aqueles cristãos, que acreditam que a teologia é irrelevante, estão “fazendo teologia”. Eles estão simplesmente fazendo isso sem a consciência de estar fazendo, e, geralmente, isso é uma indicação de que eles estão fazendo mal. Se fizermos isso sem consciência ou reflexão, o potencial para o erro aumenta de modo dramático. Precisamos considerar isso, pois erros relacionados a Deus, sua vontade e suas obras são muito mais sérios do que erros em outras áreas da vida. Erros aqui resultam em falsas doutrinas, heresia e idolatria.

O estudo da teologia é necessário e relevante porque nos ajuda a sermos mais ponderados e cuidadosos em nossos pensamentos e discurso sobre Deus. Ele nos ajuda a sermos transformados pela renovação das nossas mentes.

Dr. Keith Mathison é editor associado da Tabletalk magazine, deão e professor de Teologia Reformada na Reformation Bible College em Sanford, Florida e autor do livro From Age to Age: The Unfolding of Biblical Eschatology.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Eu quero morrer!

O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro Eu Quero Morrer, de David Powlison, Série Aconselhamento, Editora Fiel.

Você está tendo pensamentos e sentimentos suicidas? Talvez você esteja convencido de que a vida não vale a pena. Você sente como se seu mundo estivesse entrando em colapso. Sua vida parece sem esperança — como se um buraco negro sugasse todo amor, esperança e alegria. Se você está contemplando a hipótese do suicídio, você certamente já pensou muito sobre sua vida. Mas você já parou para pensar sobre como Deus vê a sua vida?
Sua vida importa para Deus

Nesse momento, você vive em um mundo de desespero. Você não vê qualquer solução para os seus problemas. Você não tem quaisquer objetivos. O futuro parece vazio.

Mas a perspectiva de Deus sobre a sua vida é muito diferente. Sua vida é preciosa para ele. Deus sabe tudo sobre você — incluindo quantos fios de cabelo há na sua cabeça. Ele o ama de uma forma tão grande que enviou seu único filho para morrer por você (Jo 3.16). Sua vida significa tanto para Deus que ele proíbe que você a tire. Deus diz que todo ato de homicídio é errado, incluindo o suicídio (Êx 20.13).
Sua vida importa para outras pessoas

Talvez você esteja pensando em quanto tempo está depressivo e triste. Você se sente como um fardo para as outras pessoas? Mesmo que elas não digam isso, você sente como se todos fossem ficar melhor sem você?

O modo como você está pensando é tragicamente errado. É uma mentira pensar que alguém — vizinhos, pais, filhos, cônjuge, amigos, colegas de trabalho, enfermeiros ou meros conhecidos — seria beneficiado com o seu suicídio. Uma pessoa tirar a própria vida é algo perturbador e revoltante. Aqueles que você deixar para trás não ficarão aliviados. Pelo contrário, eles serão deixados com fardos terríveis. Quais fardos são esses?

Primeiro, aqueles que o conhecem e se importam com você nunca entenderão o motivo. Eles farão as mesmas perguntas várias vezes: “Por que você fez isso? Por que você nos deixou? Por que você não pediu ajuda? Por que nós não conseguiríamos ajudá-lo?”. As perguntas sobre o “porquê” seguirão o tempo todo aqueles que você deixar para trás.

Segundo, eles se sentirão culpados. Além da dor da perda, eles sofrerão a dor de se sentirem responsáveis por você. Eles se perguntarão se o seu suicídio foi uma resposta a algo que eles fizeram ou não fizeram. Eles serão deixados com um sentimento de falha pessoal que irá sobrecarregá-los.

Terceiro, aqueles que você deixar não pensarão que você lhes fez um favor com seu suicídio; na verdade, eles sentirão como se você não os amasse. Como você poderia amá-los e feri-los de forma tão grave? O suicídio é um ato egoísta. Ele acaba com relacionamentos e não deixa qualquer esperança de reconciliação. Aqueles que você deixar para trás sentirão um vazio muito profundo.

Quarto, o suicídio dá forma à opção de fugir, como se o matar a si mesmo fosse o meio de resolver os problemas da vida. O suicídio diz que a melhor maneira de lidar com a culpa, o fracasso, a decepção e a dificuldade é tirando a sua própria vida. Esse modelo tem uma influência negativa poderosa. Portanto, ao invés de fazer algo bom para aqueles ao seu redor, você está, na verdade, deixando um exemplo que poderia influenciar negativamente o modo como as pessoas lidam com as suas próprias lutas.
Considere o que é verdadeiro

Pensamentos suicidas são cheios de falsidades. Pode ser difícil para você, enquanto passa por uma dificuldade, reconhecer as mentiras. Então, se apegue a algumas poucas e simples verdades sobre Deus esobre você. Lembre-se delas todas as vezes que você pensar que o suicídio é uma boa solução para os seus problemas.

1. Em amor, Deus veio em pessoa para ser aquele que salva da morte:

Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.” (Is 43.1)

Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. (Rm 5.8)

2. Deus diz que o suicídio é errado porque você está tirando uma vida:

Não matarás (Êx 20.13)

3. Quando você derramar o que está em seu coração para Deus, ele o ouvirá:

Eu disse na minha pressa: estou excluído da tua presença. Não obstante, ouviste a minha súplice voz, quando clamei por teu socorro. (Sl 31.22)

À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz. (Sl 55.17)

terça-feira, 12 de março de 2019

Confissões de um pregador

Uma das coisas que mais me apaixona é pregar. Pregar mexe comigo como nenhuma outra coisa. O esforço para encontrar a passagem adequada, o sentido da passagem, e depois colocar este sentido em um formato fácil de explicar e de ser entendido; e o mais importante, poder espiritual para entregar a mensagem de maneira clara, direta, que fira as consciências, que levante os ânimos e que instrua as mentes; enfim, que seja instrumento na mão do Espírito Santo para glorificar a Deus e exaltar a Jesus Cristo.


Apesar de toda a preparação, é no momento da entrega que a verdade aparece. Quando estou no púlpito, com a Bíblia aberta, e centenas de rostos olhando pra mim em expectativa. Ali eu me sinto trêmulo, vacilante e frequentemente tímido. Tenho que superar o meu medo natural para anunciar com clareza e alta voz o sentido do texto bíblico e fazê-lo chegar até os corações e as mentes.

Durante a pregação, manter contato visual com as pessoas, perceber se estão seguindo, sendo encorajadas, se estão sendo abençoado ou se estão simplesmente se sentindo enfadonhas. Em seguida, ajustar o horário, as palavras, o tom, o timbre da voz, até que a palavra penetre finalmente por entre as barreiras, obstáculos e dificuldades que as pessoas levantam em suas mentes e aí seus corações quando vem a igreja.

E quando o sermão termina, não termina a minha tarefa. Sinto-me geralmente arrasado, fracassado, como quem fez um péssimo trabalho. Não poucas vezes vou pra casa procurando um buraco pra me esconder. E aí que tenho que orar, pedindo perdão a Deus, e suplicar que a palavra pregada, mesmo de forma imperfeita, seja usada por ele para converter e santificar. Um sentimento de vazio com frequência entra em meu coração, como alguém que não fez o que deveria ter feito direito.

As noites de domingo, na cama, são aquelas em que a insônia torna-se minha companheira.

Augustus Nicodemus é bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife, mestre em Novo Testamento pela Universidade Cristã de Potchefstroom, na África do Sul, e doutor em Hermenêutica e Estudos Bíblicos pelo Seminário Teológico de Westminster, na Filadélfia (EUA), com estudos adicionais na Universidade Reformada de Kampen, na Holanda.

CÂNTICOS DE ROMAGEM - SALMO 132