terça-feira, 16 de abril de 2019

Sem medo!

O trecho abaixo foi extraído com permissão do livro Sem Medo da Minha Idade, de Elyse Fitzpatrick, Editora Fiel.

Embora as estatísticas pareçam dizer o contrário, eu não acredito que nossos casamentos deterioram somente porque entramos em nossa quarta década. Acredito que é um problema que se vem desenvolvendo há mais tempo, mas que apenas agora finalmente percebemos quanto a casa se tornou silenciosa. Entrar no entardecer da vida não é o que faz com que o casamento, misteriosamente, se torne algo de humor negro com um final pavoroso. O filme está em cartaz há algum tempo. Mas nós estávamos ocupadas demais com o treino de futebol, com os trabalhos de ciências e com as festas de aniversário para perceber que os fundamentos de nossa vida juntos têm-se deteriorado.

Pense em como era a vida antes de termos filhos. Para algumas de nós, o começo pode ter sido difícil; para outras, contudo, foi adorável e tranquilo. Reflita agora sobre as seguintes questões:
O que eu amava sobre meu marido quando me casei com ele?
Quando foi a última vez que me alegrei por estar com ele?
Sobre o que conversávamos antes de nossos filhos tornarem a comunicação significativa mais difícil?
Quando foi a última vez que você agradeceu a Deus de coração por seu marido?
Quando você ficou na expectativa de passar algum tempo sozinha com ele?
Cavernas de renúncia benigna

Adoro a passagem do evangelho de João sobre Maria e a morte e a ressurreição de seu irmão, Lázaro. Você se lembra da história da visita que Jesus fez a esses três solteiros — Maria, Marta e Lázaro. Jesus desafiou as convenções culturais da época quando defendeu o desejo de Maria assentar-se aos seus pés em vez de cumprir com suas obrigações na cozinha. Seu coração era cheio de fé e de intenso amor por seu mestre.

Mas, algum tempo depois de Jesus ter deixado Betânia, Lázaro ficou doente. “Está enfermo aquele a quem amas”, escreveu Maria ao seu Senhor. É como se ela tivesse dito: “Por favor, venha ajudá-lo”. Mas, depois, lemos a frase mais surpreendente: “Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava” (Jo 11.6). Nesse ínterim, Lázaro morreu.

Você é capaz de imaginar a confusão, a decepção e o desespero de Maria? Você consegue imaginar o diálogo entre Maria e Marta, uma tentando encorajar a outra enquanto a doença de Lázaro só piorava?

“Não se preocupe”, talvez tenha dito Maria. “O mestre virá.”

“Fui informada de que ele está somente a dois dias de distância.” “Se ele se apressar, pode ajudar Lázaro.”

Até que Lázaro morreu. “Onde está o Senhor?”, certamente perguntavam-se eles. “Por que não veio?” E, enquanto elas preparavam o corpo de Lázaro, embrulhando-o em panos para que fosse sepultado e ungindo-o com o precioso bálsamo, encheram-se de desgosto e desespero. Eles eram amigos de Jesus. Ele seria capaz de curá-lo. Ele seria capaz de impedir que ele morresse. Mas a realidade é que quatro dias já se haviam passado e findaram-se todas as esperanças de seus corações, assim como a vida deixara o corpo de Lázaro.


Se estiveras aqui

Embora a maioria de nós não tenha experimentado o sofrimento de perder um amado irmão mais novo por causa de uma enfermidade, todas nós conhecemos o desespero de contemplar a morte dos sonhos que tínhamos para nosso casamento. Talvez você não tenha refletido ultimamente sobre determinados aspectos de seu casamento — expectativas e esperanças para seu relacionamento com seu marido

—, então eu quero ajudá-la a examinar um pouco de seu coração, pedindo que você reflita seriamente sobre essas questões.
Qual parte de seu casamento é como o túmulo de Lázaro?
Quais são os sonhos que você já sepultou, selando o sepulcro com uma pedra, para que seus olhos desiludidos não tivessem de contemplar a vergonha do fracasso?
Quais são os aspectos do casamento pelos quais você não ora mais, sobre os quais não fala mais e para os quais não tem mais esperança?
Quais esperanças são dolorosas demais para sequer pensar em ressuscitá-las?
Você enxerga a si mesma como alguém que foi criada para ser a auxiliadora de seu marido? Para tentar se defender, você se tornou independente e autossuficiente?
Quais assuntos tornaram-se anátemas para você porque agora finalmente conseguiu desenvolver uma dura camada de proteção sobre suas decepções e seria muito doloroso removê-la?
Qual parte de seu coração é como o túmulo de Lázaro? Escuro, sem vida e com o mau cheiro do remorso e do “se ao menos”?

Talvez você não esteja prestes a se divorciar, talvez você esteja, mas, se reconhecer que existem segmentos de seu coração nos quais você cedeu para o que minha amiga Carol Cornish chama de “renúncia benigna”, então você sabe do que estou falando.

Por favor, não me interprete mal. Não estou dizendo que você tenha desistido do Senhor. Tenho certeza de que Marta e Maria sabiam que Jesus era capaz de ajudar se quisesse. As duas criam na ressurreição. O problema não era a ortodoxia da fé delas. O problema era que elas não tinham uma fé suficientemente profunda para alcançar as circunstâncias desoladoras que estavam vivenciando naquele momento. A fé não alcançou as trevas da decepção e, embora estivessem de luto, elas encontraram um mecanismo de autodefesa para conseguir levar a vida adiante. Não estou dizendo que é errado esforçar-se para lidar com a decepção. Todos nós fazemos isso. O que não podemos fazer é tentar mascarar nossas decepções com a dissimulação, colocando no rosto um sorriso corajoso, mas insincero, enquanto, mergulhadas na incredulidade, dizemos entre os dentes: “Está tudo bem… eu estou bem, sim”.

Agora é hora de relembrar aquelas fendas escuras de incredulidade e desespero e de convidar Cristo para agir com o poder da ressurreição. Talvez você precise começar a orar por seu marido como nunca orou antes. Talvez agora seja a hora de você dizer que, independentemente de ele mudar ou não, você vai encontrar fé para dizer mais do que: “Está tudo bem… estou bem, sim”. Você precisa ter a fé que diz: “Essas coisas são um bem na minha vida. Meu Pai celestial está usando essa circunstância para sua glória e para o meu bem. Então, embora eu quisesse que meu marido mudasse em algumas áreas, posso me alegrar até mesmo quando ele não muda. O que antes era um cadáver apodrecido de incredulidade tornou-se uma fonte de vida, fé e alegria para mim, pois eu consigo enxergar a mão do meu Pai”.

A presença de Jesus transforma morte em vida, trevas em luz e tragédia em bênção! Jesus faz com que aquilo que antes parecia ser maldição torne-se fonte de alegria. Talvez seu marido não seja hoje (ou talvez nunca tenha sido) o que você esperava que ele fosse. Mesmo assim, Deus prometeu que lhe dará tudo aquilo de que você precisa para a vida e piedade no conhecimento dele. A verdade difícil, mas reconfortante, é que o marido que você recebeu de Deus é aquele de quem você precisa para aprender sobre o caráter de Deus. Ele escolheu seu marido para que Deus possa moldá-la na auxiliadora que ele quer que você seja. Com que objetivo? Você se lembra do que escrevi no primeiro capítulo? Ele lhe deu o marido que você tem para a glória de Deus e para seu bem maior. Então, em todas as situações em que você sente que está sofrendo ou que se sente decepcionada, pode se alegrar com o fato de Deus haver preparado esse problema com propósitos que se estendem para além de sua felicidade imediata — rumo à eternidade.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Declaração de Cambridge

Os Cinco Solas da Reforma
Sola Scriptura, Sola Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria

por

Declaração de Cambridge

SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Tese 1: Sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.



SOLO CHRISTUS: A Erosão da Fé Centrada em Cristo

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

Tese 2: Solus Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.


SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho

A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.



SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.

Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos a verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.

Tese 4: Sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.


SOLI DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus

Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.


Fonte: Declaração de Cambridge

CÂNTICOS DE ROMAGEM - SALMO 132